Tenho saudades de tempo. Tenho saudades do Tempo em que tinha tempo. De me encontrar, ou pelo menos de me procurar. Da minha adolescência com laivos de isolamento. De passeios e paragens isolado, em que nada importava. Em que as horas não pressionavam. Tempo em que tinha tempo para pensar. E para ler Poesia. E Pedro Paixão. Porque há livros que só o tempo nos pode ajudar a lê-los. Precisam de ser degustados, frase a frase. Precisamos de deitar no silêncio do quarto, ou de sentar no da Gulbenkian, e ler. E depois fechar o livro e pensar. E reabrir e refechar. E encarnar esta leitura tântrica ao ponto de nos fecharmos ao Mundo e desejarmos não ser mais incomodados naquele dia. Cresci assim, e era diferente. Eu era diferente, e o tempo também. Hoje ninguém sabe estar sozinho. E mesmo que queira, nunca tem a coragem de desligar o telefone. Andamos todos uns com os outros 24h/dia. E garantidamente eu não sou assim.
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4 comments:
Cada vez gosto mais de ti..
Neusa
Nem eu primo..
Gosto tanto, mas tanto, de ficar sozinho de vez em quando...
PS: e acredita que há quem me chateie porque ao deitar-me, seja à 1 da manhã, seja às 10 da noite, desligue o telémovel!
Mas acho que nunca vão perceber...
Há momentos que o que mais nos faz falta...somos nós mesmos!
Bo-----------.
Ao ler isto pensei muito nas saudades que a adolescência me vai deixar.
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