20 November 2007

RIP

Na profissão que escolhi, e que para o caso pouco importa, tenho a cada momento sob minha liderança e responsabilidade toda uma equipa de homens naturalmente diferentes entre si, mas todos mais velhos que eu, empenhados, responsáveis, de instrução muitas vezes limitada, e oriundos das mais diversas partes do País e do Mundo.
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Em finais de 2005 conheci o JR. Eu, com escassos e ignorantes 5 ou 6 meses de profissão; e ele, que talvez não tivesse ainda 40 anos de vida, mas concerteza mais de 20 de trabalho. Eu, muito naturalmente burro, mas ávido de ver e aprender; e ele de sorriso no rosto com paciência infinita para me mostrar e ensinar. Ambos no mesmo local de trabalho, perto de Lisboa. Eu, alfacinha, em casa; ele, minhoto, longe da dele. Lá fomos involuntariamente criando a proximidade que 12 horas diárias de trabalho conjunto muito facilitam.
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Certa hora, de um anoitecer frio de Primavera, o JR aproximou-se sem o sorriso puro que lhe conhecia. Dez anos em trabalhos consecutivos na zona de Lisboa, significavam também dez anos longe da casa, filhos e mulher que lá no Alto Minho permaneciam. Dez anos tão insuficientemente interrompidos por algumas horas de visitas semanais. Naquele fim de tarde o JR libertou quase tudo o que podia, limitando-se a custo a conter as lágrimas que a situação crónica de um casamento em que a mulher já nem lhe falava, lhe provocavam.
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Mexendo onde podia com a minha inexperiência e palavra de pouco peso, lá consegui que o JR fosse de férias para salvar o casamento, tendo sido seguidamente colocado a trabalhar no Porto. "Sim, as coisas agora estão melhores. Sempre dá para ir a casa também a meio da semana. É diferente!" Foi o que lhe ouvi então dizer. Ouvi, feliz por ele, e com certa e confessa dose de orgulho.
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Encontrei o JR no Almoço de Natal de 2006 da empresa. Mais de meio ano depois. Abracei-o e perguntei-lhe se estava bem. "Estou. Agora estou!" E sorriu. De novo o sorriso puro de tão puro minhoto. Não o voltei a ver nessa festa. Nem nunca mais.
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Na manhã de ontem o JR morreu na estrada. A ir de casa para o Porto para trabalhar. Irado pelo atraso que uma qualquer contrariedade lhe provocou. Irritado porque, por uma vez em anos, não tinha conseguido estar às 8h00 onde devia.
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O meu dia de trabalho hoje acabou mais cedo. O meu sorriso também.

19 November 2007

Coincidências

Estou a ler o novo do MST. Acabo de ler uma passagem em que uma das personagens - Pedro é deixado pela namorada. Angelina, o nome da jovem, quer ser pintora nesse Portugal do Estado Novo e então resolve ir para Paris. Depois disto decorre o seguinte diálogo entre ele e o irmão (mais velho):
"- Sabes, estas coisas, às vezes, são mais complicadas do que estamos à espera. A Angelina não é uma pessoa vulgar, normal. Talvez este não fosse o vosso tempo. Ela quer mesmo ser pintora e isso não tem nada a ver com os sentimentos em relação a ti...
- E tu achas que isso me consola?
(...)
- Não sei que te dizer, Pedro. Realmente, não há consolo algum nisto, nem sequer em saberes que ela te ama e que não foi por não te amar que se foi.
- Diogo, agradeço o teu esforço. Dou graças a Deus por ter um irmão como tu, com a tua sensibilidade. Mas não precisas de dizer nada: eu sei que posso contar contigo e isso é tudo o que me basta, agora. O resto, tudo o que eu sinto... ninguém, nem mesmo tu, me pode ajudar.
(...)
- Pedro, tens 29 anos: a vida não acaba aqui. Falhou uma oportunidade, mas terás outras para ser feliz.
- Uma parte de mim morreu para sempre com a partida da Angelina. E uma parte importante, acredita."
Também uma parte de mim morreu com a tua partida. A mais importante, acredita!

13 November 2007

Calvin Nº 2


É tão tão bom quando nos sentimos assim, num qualquer estado Nirvana.

12 November 2007

Bom Dia

Hoje acordei e quis dizer-te 'Bom Dia'. Como em tantas outras recentes manhãs. Escrevi a mensagem, mas apaguei. Porque sei que não queres. Porque sei que não devo. Confesso aliás a esperança que tive, quando liguei o telefone, de receber um sinal teu. Parvoíce minha, eu sei. Passado, eu sei. Mas há coisa nesta vida mais parva e tola que a paixão?

Limitei-me a sussurrar. Será que me ouves? Não?!
Eu repito, só para ti: Bom dia...

11 November 2007

Timings

De que serve dar razão aos outros quando é tarde demais e isso para nada importa já?

O jogo

Eu, que pouco digo e muito sinto, hei-de ficar sempre a perder, nesta vida em que o ego e o coração se alimentam das aparências, para todos aqueles que, não sentindo, muito dizem.

09 November 2007

Silêncio...


... porque na minha cabeça ainda há ecos de Fado deste indescritível Mariza & Friends a que acabo de asistir no Atlântico.


08 November 2007

Parecia! (Fase II)

Ok, eu assumo que devia ter visto o pilar do estacionamento. Mas o parafuso que resolveu espetar-se na porcaria do pneu, convenhamos que era impossível..

07 November 2007

Parecia!

Epá, eu ia jurar que aquele pilar não estava lá quando eu arranquei com o carro...