29 July 2007

Tudo o que sabe bem faz mal

Uma boa noite de Sábado é meio caminho andado para uma semana de cabeça pesada e sonos nunca regularizados.

26 July 2007

Oh Captain, my Captain

As paixões não se explicam. Não se descrevem, não se fotografam, não se traduzem em quaisquer símbolos matemáticos.

A paixão clubística, mais - muito mais! - intensa que a meramente desportiva, é absolutamente irracional. Confesso que o Estádio da Luz é o único palco em que me viro ao contrário. Soltar energias, libertar tensões, gritar, ser selvagem! O quanto eu gostava de perder mais vezes alguma parte desta consciência crítica sempre presente e equilibradora..

Voltando às emoções da Luz, o mesmo é dizer que aqueles golos nos últimos minutos, a corrida para o título com o Trapattoni, a Taça de Portugal ganha ao Porto de Mourinho no Jamor, o percurso na Liga dos Campeões com o Koeman, alimentam de facto a nossa alma de adeptos fervorosos, egoístas, cegos durante os 90 minutos de cada partida.

E muito embora concordando com a venda, é impossível não sentir tristeza na hora de despedida do grande capitão desses momentos que foi o Simão Sabrosa.

(Quase) independentemente da camisola que envergar quando (e se!) voltar à Luz, eu vou sempre aplaudir de pé alguém com quem sinto ter uma dívida de gratidão. Quem vive o Benfica concordará comigo. Todos os outros achar-me-ão completamente tolo. Possivelmente quer uns quer outros estarão certos.

22 July 2007

Na Santíssima Trindade da minha vida...

(... Parabéns ao Espírito Santo! lol)

Tenho um irmão. Sempre tive. Mais velho, sem que os cinco anos que nos separam se tenham algum dia concretizado em alguma barreira para além das óbvias. Acho que também nunca fui carraça dele. Para irmão mais novo sempre tentei ser muito independente, vivendo no meu espaço - não no dele -, e no meu tempo - nunca no dele. Tenho um irmão que é personagem principal da minha vida. Parentescos aparte, é-o porque eu quero e porque ele quer. Amigos, próximos, companheiros. Desde sempre a partilhar brincadeiras neste quarto que foi o nosso ringue, campo de futebol, mero palco de palhaçadas.

Apesar de toda esta cumplicidade, lembro-me de, adolescente, ver uma novela em que um dos jovens protagonistas tinha uma irmã mais velha como confidente, e de pensar o quanto gostava de também ter uma. Porque falar com uma mulher é diferente. É como jogar com alguém fora do nosso campeonato, assim incomparável a nós, e que para além do mais faz parte da outra metade de quem o nosso desconhecimento é tão grande como o desejo de conhecer.

Hoje eu tenho uma irmã. Eu já tenho uma irmã! Tudo porque o irmão que é amigo, especial e companheiro me proporcionou esta maravilhosa oprtunidade de ter uma compincha (o quanto eu adoro este termo) irmã mais velha. A F. entrou a matar (ou pelo menos a marcar) na minha vida. Assim de rompante, a acelerar como é seu apanágio, a conquistar-me eternamente com o seu sorridente olhar cor-de-avelã. A F. faz-me questionar o meu cepticismo de cada vez que a vejo, de cada vez que tenho saudades dela, que me rio por vê-la rir. Não era suposto eu convencer-me de que alguém, em meia dúzia de anos, conseguisse comigo uma simbiose tão ímpar e inexistente com a esmagadora maioria dos restantes. Até dos mais próximos.

À F. estarei em dívida sempre. Por ela, e por tudo o resto. Sendo que esse tudo é tão somente o mais valioso de todos os tesouros: que me comove, me derrete, me vira, me faz babar, me faz ficar, me faz partir, me faz parar e lembrar e engolir em seco; aquele que me quebra em tudo e de todo o modo.

A F., minha irmã de 3/4 de vida, mãe do meu deslumbrante e conquistador sobrinho, faz anos hoje. Daqui, e só para ti, vai o mais terno dos abraços.

Parabéns cunhadinha!

21 July 2007

Arrepiante

Era uma vez um vendedor de telemóveis...

19 July 2007

Dependências

A flor que morre de secura não pode culpar o Sol, já que sem ele nem nunca teria vivido. É culpa não desculpável do homem que não a regou.

15 July 2007

O eterno nos limites do efémero

Tudo na vida é efémero. Tudo excepto o verdadeiro e profundo Amor.


É efémero o dia e a noite. É efémero o calor da tarde, e a chuva da noite. A presença de alguém. E o sorriso. E a dor. Tem fim até o mar que nos cerca e nos aparece como infinitamente grande.


Tudo na vida é efémero. E como pode ser de outra maneira, se ela própria também o é? Mas o Amor salta e explode de dentro de nós. Ganha vida própria, e na realidade passamos nós a seus prisioneiros. Eu acredito no grande e único Amor da vida. Acredito até que muitas pessoas não o conheçam. E ao contrário do que esperava, acho que as felicito por isso. Esse Amor, quando em dor, esmaga-nos, inertetiza-nos. Empobrece-nos e rouba-nos toda a réstia de Felicidade que possa correr-nos no sangue.

(Só eu sei o quanto desejo reler estas palavras daqui a uns anos, e achar-me tolo e ignorante. Queira o Fado da minha vida mostrar-me que estou enganado! Mas temo, muito muito, que desta vez só eu esteja certo...)

08 July 2007

A maior de todas as maravilhas de Portugal: Fernando Pessoa

"O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele."

Alberto Caeiro

07 July 2007

Conclusão inconclusiva

"Se gostas de mim, se gosto de ti, se isto não chega tens o Mundo ao contrário"

01 July 2007

Mulheres

São como as ondas do mar. Vêm e vão. Nunca iguais, nunca repetidas, nunca repetíveis. Cada uma com o seu som. Cada uma a explodir à sua maneira. Cada uma a salgar a areia de modo desigual. Todas deixam, neste areal que sou eu, o seu perfume e o seu rasto. A seguinte não apaga a anterior, mascara-a.

Mas quando vaza a maré há uma marca que perdura infinitamente mais que todas as outras. A da que foi a última onda da maré cheia. E fico eu fustigado por esse arrastar de cloretos que me enfraquece a termo incerto.