Não me recordo de alguma vez ter passado esta data sem ti. Talvez esteja enganado, pois tenho uma ideia muito vaga de, há uns anos atrás, estar no Algarve e ter então faltado a este ou qualquer outro compromisso do género. Mas a idade e a ideia do “até já” ajudaram muito na altura a esquecer a distância.
Não creio que hajam palavras – em número ou qualidade – de nível suficiente para expressar o que és e representas, em todos nós que te amamos e temos a honra de assistir, de plateia, à pureza, sinceridade, transparência e alegria com que vais passo a passo colorindo as páginas dos teus e dos nossos dias. Mesmo esse dicionário tão rico que é o nosso, não bastará nunca para traduzir a linguagem do coração de quem gosta e ama. O Pai talvez conseguisse, nas poesias dele. Mas eu não. Nem me atrevo sequer a tentar...
Tenho a sorte de me orgulhar de todas as mulheres que, de uma maneira ou de outra, marcaram a minha vida. Todas elas. Mas a começar em ti, e a acabar sempre sempre em ti.
És exemplar Mãe. Na forma como ris, como falas, como choras, como vives. És inacreditável sobretudo na forma como sofres. A prova cabal que sempre tive da força das mulheres. Percorres o teu caminho, teimando sempre olhar para o lado do arco-íris. Esse mesmo caminho em que já tantas pedras te tentaram derrubar, mas que conseguiste sempre, em silêncio, suportar e ultrapassar.
És alma e vida na nossa casa. Corrijo: és a alma e a vida da nossa casa. Já o eras quando éramos quatro. Continuas a sê-lo agora que somos 6. E por mais que a casa encha, há nela - porque em ti - sempre espaço para mais um. Ou dois, ou vinte, não importa. A nossa fortuna – daquelas verdadeiras, que não se escrevem nem contam – basta e sobra para todos.
Acho que hoje é o primeiro dia, desde que comecei este périplo africano, que sinto dor de saudade. Mas tudo faz parte deste sacrifício que decerto me trará muitas coisas boas, e logo também para ti eu sei. É boa a distância e a escassez para valorizarmos o que temos, e sobretudo quem temos, ao nosso lado.
Mãe há só uma e não a escolhemos, não é? Pois confesso-te, assim em segredo para corares mas não criarmos invejas, que para mim isso ser-me-ia absolutamente indiferente. Critiquem-me os intelectuais pelo cliché, mas tu és mesmo a melhor mãe do Mundo.
Um beijo tão grande quanto longínquo, um abraço tão apertado quanto o meu peito no dia de hoje.
Parabéns Mãe.
6 comments:
Puto,
Só para te dizer que não seria qualquer um ou qualquer texto, suficientemente capaz de me deixar "em lágrimas", em pleno gabinete, junto a estranhos, na empresa...!?!?!
Está excelente e a Buda vai adorar...tenho a certeza!!!
Um grande abraço de quem, também por ser o dia que é, vai sentir a tua falta.
Cuida de ti!!!
Bruno
Como vês não fui a única a ficar com "os olhos em lágrimas" em pleno local de trabalho.
O teu post está simplesmente lindo... muito profundo.
Beijinhos grandes*
Com filhos assim, que escrevem assim, mas q essencialmente 'sentem assim', qual riqueza maior!
Adorei 'ler-te',como à muito o faço, mas agora com o coração apertado e preocupado e claro, saudoso do meu 'puto homem'.
Beijoka do tamanho da bola do mundo,
da BOLINHA
Não te conhecia esta faceta de escritor...está fantástico e tocas-te todos os nossos corações o qual fizeram crescer a saudade que temos de ti.
Porta-te bem meu querido
Impressionante a força das tuas palavras. Impressionante teres de estar tão longe para te sentir tão perto.
As tuas palavras pela voz embriagada do teu irmão foram sem dúvida tudo o que a tua mãe queria ouvir naquela noite.
Parabéns Pedro!
Amei as tuas palavras!!
Apesar de só hoje vir "cuscar" o teu blogue, dou-te os Parabéns por tudo o que escreves, principalmente, às palavras dedicadas à Zitocas, que a todos (pelos vistos e obviamente), tocaste o coração.Beijocas já com saudades!
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